quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Epilepsia e atividade física

EPILEPSIA E ATIVIDADE FÍSICA: QUAIS OS RISCOS E BENEFÍCIOS?

Simone Thiemi Kishimoto*, Paula Teixeira Fernandes**
Faculdade de Educação Física - Grupo de Psicologia do
Esporte e Neurociências (GEPEN) – UNICAMP
*Aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação – FEF/UNICAMP
**Professora do Departamento de Ciências do Esporte – FEF/UNICAMP
Contatos: smonitk@yahoo.com.br, paula@fef.unicamp.br

Atualmente, a atividade física vem ganhando grande destaque na mídia e nos veículos de comunicação. Cada vez mais, estudos mostram que sua prática promove melhoras no condicionamento físico e no bem estar, diminui as condições de risco para doenças graves (doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras), além de favorecer uma melhor qualidade de vida para a população. Mas, será que as pessoas com epilepsia podem praticar atividades físicas? Quais os riscos? Quais os benefícios? Pretendemos a partir daqui, esclarecer algumas dúvidas à respeito do assunto.

Na epilepsia, diversos estudos mostram que a prática de atividades físicas não aumenta e nem pioram as crises. Muito pelo contrário, pesquisas apontam o número de descargas elétricas anormais diminuem durante a prática de atividades físicas. Além disso, durante o exercício ocorre no nosso organismo a liberação de um neurotransmissor chamado beta-endorfina, que atua como um anticonvulsivante; diminuindo a atividade epiléptica.

Além dos benefícios fisiológicos proporcionados pela atividade física, ter uma vida ativa proporciona aos pacientes uma melhor socialização, aumento de autoestima, melhora das funções cognitivas e diminuição de quadros depressivos.

Principalmente na infância, período de grande importância para o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, é de extrema importância que as crianças com epilepsia pratiquem atividades físicas. Afastar a criança da atividade física ou do esporte pode gerar sentimento de inferioridade, isolamento social, levando até mesmo a transtornos depressivos. Através do esporte ou simplesmente do “brincar” a criança fortalece suas relações intrapessoais e interpessoais, promove o desenvolvimento cognitivo, diminui o estigma e o preconceito, além de fortalecer seus aspectos psicológicos como a autoestima e autoconfiança.

Não existem evidências cientificas de que há riscos para a prática de atividades físicas, deve-se apenas ter cautela ao praticar esportes de risco (esportes radicais, mergulho) e esportes de impacto (futebol e lutas). Porém, é fundamental ressaltar a importância do acompanhamento médico e de um profissional de educação física para acompanhar o paciente, indicar as melhores modalidades, reduzindo assim os possíveis riscos e prevenindo acidentes.

Neste sentido, a prática de atividades físicas por pacientes com epilepsia desde a infância até a fase adulta é de extrema importância, podendo ser um importante método terapêutico no tratamento dos pacientes.
Referências: ARIDA, R.M. et al.(Orgs).Physical exercise in rats with epilepsy is protective against seizures. Arq. Neuropsiquiatr. 67:1013-1016, 2009.

GUERREIRO, C.A.M.; GUERREIRO, M.M.; CENDES, F. Considerações gerais na Epilesia. São Paulo: Lemos Editorial, 2000 KISHIMOTO, T. M. (2002). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira-Thomson Learning.
KISHIMOTO, S.T.; VOLPATO, N.; CENDES, F.; FERNANDES, P.T. A prática de atividades físicas, exercícios físicos e esportes por pacientes com epilepsia: qual a melhor opção? J Epilepsy Clin Neurophysiol 2013; 19 (2): 38-44
MENDES, Neila Maria. Epilepsia e atividade física: um estudo em crianças e adolescentes epiléticos. Dissertação (Mestrado) – Curso de Educação Física, Departamento de Educação Física Adaptada, UNICAMP, Campinas/Sp, 2002
VAN LINSCHOTEN, R.; BACKX, F.J.G.; MULDER, O.G.M.; MEINARDI, H. Epilepsy and Sports. Sports Med.; 10(1): 09-19, 1990.

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